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Ela se define no seu instagram  como  “Consultora de viagens, adepta das experiências desde sempre.”, mas eu diria que é muito mais, Mãe de Cecília e Bernardo ou Ceci e Be como ela os chama, batalhadora, louca de pé no chão, poliglota, leitora assídua do NY Times (isso é uma história a parte) personalidade forte, voz incomparável, filha de psicanalistas, leitora voraz, já morou por aí nesse mundo e é totalmente Dona de si. Acho que, o que torna seu trabalho tão especial é o enorme repertório que ela possui, que é construído através de muita arte, viagens, literatura e a capacidade de misturar tudo de forma eficiente que reflete em seus roteiros de viagens. Vou parar por aqui e deixar ela falar, conheçam Raphaela Peres do @roteiros_emocionais.

Porque a Era Digital trouxe tantos benefícios para o Turismo e nem tanto para um Agente de viagens?

 Essencialmente porque possibilitou que qualquer pessoa minimamente letrada digitalmente compre  suas viagens, ao menos as mais simples. Deu acesso direto ao que antes era comercializado pelos agentes de viagens.

Você é uma agente de viagens que abraçou um segmento que é montar um roteiro e ir junto com o grupo, mas como foi essa sacada que esse seria um nicho forte?

Foi um processo de longo amadurecimento. Enquanto eu não entendi a diferença de preço x valor, me aborreci muito com a profissão. 

Viajo desde pequena, a minha primeira foi aos dois anos.

Venho de uma família do turismo, que sempre priorizou viagens ao invés de bens materiais. Me lembro, na minha juventude, de amigos perguntando como eu viajava tanto. Era fácil: enquanto eles consumiam carros, roupas, jóias, etc., eu viajava.

Quando o digital entrou forte, eu perdi parte considerável de clientes, que eu mesma havia “ensinado a viajar”. Pessoas para quem organizei as  primeiras viagens, que se tornaram amigas, mas deixaram de comprar comigo, pois curtiam programar suas próprias viagens.

No entanto, continuavam me ligando para pedir dicas, ouvir minhas sugestões, meus palpites, meus conselhos.

Isso foi me irritando e me deixando deprimida, pois eu orçava, programava, conversava e a pessoa fechava direto na internet , porque “era mais barato”. Depois de ter se aconselhado comigo, de ter tido toda a minha orientação.

Cheguei a pensar em mudar de profissão, fiz um curso de tradução simultânea por dois anos, e findo o curso, cheguei à conclusão que eu gostava mesmo era do turismo.

Continuei nessa luta e comecei a fazer meus clientes entenderem que eu entregava muito mais do que a internet, pois eu tinha a experiência e vivência real dos lugares.  O tal preço x valor.

Tive uma renovação de clientes. Demiti alguns que eram puro aluguel. Comecei a dar limites, a cobrar um fee de consultoria, e a explicar que nem relógio trabalha de graça, pois toda pesquisa e planejamento de viagens me tomava tempo.

Alguns entendem, outros não. E  assim segui, e fui sendo indicada, no boca a boca, pois trabalho sozinha, escondida dentro de casa.

Com essa ideia de fee, de consultoria, além de manter muitos clientes, comecei a conquistar novos, que já chegavam a  mim procurando essa orientação.

Veja bem, eu não falo do roteiro personalizado, que ensina até como usar o bebedor do aeroporto X. Não tenho esse tipo de paciência ou tempo.

Mas tenho muito tempo para escutar e entrevistar o cliente de forma a entender  exatamente o tipo de viagem que ele quer, que orçamento tem disponível, que tipo de interesses, etc.

Nada escapa de uma boa conversa.

E assim fui entendendo que as pessoas adoravam as minhas histórias de viagens, minhas experiências, minhas dicas. 

E o pulo do gato foi perceber o envelhecimento dos meus clientes e suas novas necessidades. As pessoas não queriam mais dirigir, não queriam mais ser tão independentes. Existiam  novos destinos a desbravar.

Há muito tempo eu tinha o desejo de levar grupos para fazer as viagens que EU gostaria de fazer. Com os filhos já crescidos, isso ficou mais fácil.

Digo, não queria aqueles roteiros tradicionais de ônibus pela Europa. 

O primeiro que planejei foi um cujo fio condutor era a água. Eslovênia com ida ao Lago Bled, Croácia com visita aos parques nacionais e navegação de uma semana num iate para 30 pessoas, e depois Montenegro, num passeio de um dia. Fechei o grupo em dias. Foi uma viagem maravilhosa. Éramos 16 pessoas. Todo mundo amou. Mesmo com a minha total inexperiência como guia tradicional.  

A segunda viagem foram duas semanas no Marrocos, passando pelas cidades imperiais e pelo deserto. Esse roteiro foi montado pela minha querida parceira de aventuras Áurea Carvalhal, e vendido para diversas agências no Brasil. Só que, de novo, eu quase lotei o grupo com os meus clientes. Fomos em 22, sendo 16 clientes conhecidos.

Foi uma viagem riquíssima, nosso roteiro foi puxado, uma roadtrip intensa pelo Marrocos. Estávamos no deserto do Saara em pleno carnaval. Claro que eu cantei a marchinha ” Atravessando o deserto do Saara…”.

E no início de 2020 já tinha mais dois grupos vendidos: um pelo Cáucaso, dividindo com a Áurea (@aureacarvalhal), e outro pela Córsega, Sardenha e Malta. E aí, tudo mudou.

Mas eu percebi que tenho um imenso potencial para grupos interessantes, pequenos, com roteiros além do óbvio.

Claro que a ansiedade bate forte com essa pandemia. Quando poderemos viajar? Será que as pessoas estarão dispostas a se aventurar? Eu acredito que sim. 

De onde veio a ideia do perfil no Instagram @roteiro_emocionais?

Esse nome foi criado pela minha irmã, para um projeto que nunca saiu do papel. Não tinha a ver com comercialização de viagens.

Ela me deu de presente, justo no momento que eu estava fazendo essa transição, que estava nesse processo de me valorizar profissionalmente. Caiu como uma luva!

Roteiros Emocionais sou eu. É a minha vibe, as minhas ideias, histórias e explorações. Claro que se não estivéssemos na pandemia, haveria mais oferta de produtos e roteiros no meu insta, pois é a vitrine onde divulgo as minhas ideias. 

Eu respiro viagens o tempo todo. Tenho uma mala na cabeça! E digo que toda mulher moderna tem que ter sempre duas coisas: o passaporte e os vistos em dia e alguns dólares guardados. O resto se dá um jeito!   

Explica essa história de Projeto Rita Lee?

Eu brinco que faço viagens Rita Lee: ” Não quero luxo, nem lixo, só quero gozar no final”.

Eu não caio no conto do cliente que diz que só precisa de uma cama pra dormir e um banheiro pra tomar banho. Isso é papo de mochileiro. Eu já passei da idade. 

O hotel não tem que ser de luxo, mas a cama e o banho tem que ser bons, para que possamos relaxar após um dia de intensa programação. E tem que ser bem localizado, para a aquela voltinha a pé, para um jantar na vizinhança.

Não é preciso gastar uma fortuna em hospedagem, a proposta das minhas viagens não é ficar no hotel, mas sim conhecer os lugares.   Mas não dá pra ficar em qualquer lugar, né? Tem que ter um critério, um parâmetro. E mesmo com grupos, quando nem sempre conseguimos aquele hotelzinho super charmoso, por esse tipo de hotel não comportar muita gente, tento hotéis com personalidade e bem localizados. Talvez isso não seja possível durante toda a viagem, mas me esforço para que isso aconteça na maior parte do programa.  

Rapha, quem precisa de um agente de viagens hoje?

As pessoas que querem viagens mais sofisticadas, mais complexas. As que não tem tempo ou paciência. Que queiram a segurança e o apoio de um agente. 

Essa pandemia serviu para mostrar ao mercado a grande vantagem de ter um agente na hora de resolver  problemas.

Eu brinco que tenho o departamento VDM – vai dar merda. Sempre penso em todas as hipóteses e  possibilidades de imprevistos nas viagens e como resolvê-los. Porque imprevistos acontecem. E a gente tem que saber lidar com isso da melhor forma possível. 

Presto muita atenção em vôos e conexões, na parte logística. Como sou muito viajada e falo três idiomas estrangeiros, isso facilita bastante a minha atividade.

Tenho montes de histórias engraçadas, no final todas deram super certo.

Como será o futuro das viagens no curto e médio prazo na sua visão?

No curto prazo acho que vamos continuar a explorar o Brasil, que aliás é riquíssimo. Eu mesma faço ao menos duas viagens anuais pelo Brasil. A região Norte é incrível.

Nossos parques nacionais também, como os Lençóis Maranhenses, O Jalapão.  

Ainda estamos em momento de muita incerteza, de abre e fecha de fronteiras, eu nem estimulo muito viagens ao exterior nesse momento.

A médio prazo, vamos voltar a viajar. Acredito que as viagens fiquem mais caras, até que a indústria do turismo consiga se recuperar. Pra nós, então, com esse câmbio…

Eu aposto em menos aglomeração, sendo que eu sempre tive essa vibe. Adoro ir em sentido contrário à multidão.

Eu espero que o overturism seja um pouco contido.  As pessoas vão buscar mais experiências, talvez se aventurem mais, além das grandes cidades.

Aposto com força nos cruzeiros fluviais, um produto que adoro. 

Nos safáris, acho uma experiência incrível, uma das coisas que mais gostei de fazer. Em roteiros por cidades de médio e pequeno porte. 

Como trabalho com um público mais maduro, não embarco muito nessa onda de propósito, conexão, etc.

 Mas como digo em meu perfil, eu sou adepta das experiências desde sempre.

E adoraria que o ser humano emergisse dessa pandemia  mais cordato e educado, mais atento ao outro, mais respeitoso.

Não custa torcer, né?

E eu tenho que segurar a ansiedade e esperar essa onda passar pra botar o pé no mundo com a minha galera!

Consultora de viagens.
raphaela.peres@gmail.com
☎️+ 55 -21-993056028

 

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